quinta-feira, 13 de agosto de 2009

“É péssimo não poder entrar em cena”, diz Camilo Schaden, o eliminado da estréia.

Por Leandro Rodrigues

“Um ator jovem, com pouca experiência e bastante estudo”, é assim que se autodefine Camilo Schaden, ator-jogador escolhido pelo público a ser descartado de Projeto Canastra, na noite de estréia (sábado, 08).

Camilo estudou teatro em Berlin (Alemanha), fez o curso de artes cênicas da Universidade de São Paulo (USP) e atualmente se especializa na Escola de Arte Dramática (EAD), também da USP.

Em entrevista, lamenta sua eliminação: “É péssimo não poder entrar em cena [...] Ver o espetáculo de longe e sentir que pertence a ele”, e diz que o público deixou de conhecer seu lado mais divertido. Questionado sobre qual é seu ator-jogador favorito ao título de Ator-Canastra, diz que “ganha quem conseguir conquistar o público específico de cada noite”, e pede para que os espectadores divirtam-se com consciência.

Além de Um Coletivo de Artistas Europeus, o ator trabalha com diversos outros grupos teatrais, como o Babado de Chita, Teatro de AutoAjuda e Cia Auto-Retrato, com quem estréia ainda neste ano a peça “O Ruído Branco da Palavra Noite”.

Abaixo, confira a entrevista com Camilo Schaden na íntegra. Amanhã (14), é a vez do segundo ator-jogador descartado, Rafael Souza, falar sobre sua atuação e eliminação em Projeto Canastra.


Leandro Rodrigues: Em sua opinião, por qual motivo a platéia o escolheu para ser o primeiro ator-jogador a ser descartado de Projeto Canastra?

Camilo Schaden: A platéia da estréia estava muito eufórica, e as cenas mais divertidas tiveram mais apelo, é natural. A cena sorteada para mim era a mais indigesta e sisuda, requeria outro estado dos espectadores. E eu não tive meios para transformá-la na hora em algo que comunicasse mais.

LR: Qual a sensação que lhe trouxe a eliminação? E como é assistir ao espetáculo, agora, por outro ângulo, na platéia?

CS: A sensação de ser eliminado é muito ruim, apesar de haver uma explicação completamente lógica. É estranho comunicar às pessoas que querem ir te assistir que você não estará em cena. É péssimo não poder entrar em cena com atores queridos, com os quais você passou meses em processo de criação. Ver o espetáculo de longe e sentir que pertence a ele.

LR: Com a sua eliminação, o que o público perdeu ou deixou de conhecer?

CS: Ao excluir uma de suas partes, o público perdeu um grupo com uma unidade. E deixou de conhecer meu olhar sobre os outros textos, e meu lado mais divertido também.

LR: No momento em que sua eliminação foi anunciada, houve grande comoção por parte da platéia e, dela, também partiu uma intenção de acolhimento. Você acha que, ao reagir dessa forma, o público se exime da responsabilidade de tê-lo excluído?

CS: Considerando que havia outros nove jogadores, há uma probabilidade de a somatória das pessoas que votaram nos outros ser maior ou igual ao número de pessoas que me excluiu. Então da parte dessas pessoas imagino que fosse uma espécie de protesto, talvez não quisessem que eu abandonasse o jogo. Os que votaram em mim, se me aplaudiram, ou buscaram se eximir, ou tentaram ser educados... não posso dizer com certeza, é minha primeira experiência desse tipo.

LR: Agora, como espectador “co-jogador”, qual dica ou conselho você deixa aos atores-jogadores restantes?

CS: Sentir a platéia, aprender com as cenas dos outros, cuidar da voz... e relaxar, já que é difícil dizer precisamente o que significa ser eliminado.

LR: Você possui algum ator-jogador preferido ao título de Ator-Canastra e, de acordo com suas observações, quais possuem maior chance vencer a disputa?

CS: Brinco de dizer que torço para Maria Fernanda Batalha, porque ela é meu par correspondente no elenco, mas na realidade não tenho favorito. Acho que são atores muito diferentes com encantos particulares, e imagino que ganha quem conseguir conquistar o público específico de cada noite.

LR: O que representa o Projeto Canastra para você, como um todo?

CS: Um processo de autoconhecimento muito profundo do ponto de vista do trabalho do ator, uma experiência performativa com alto potencial crítico e com apelo comercial ao mesmo tempo e um encontro divertidíssimo com pessoas incríveis.

LR: Escolha alguém em especial e deixe uma mensagem. Deixe outra para o público.

CS: Amanda (Del Corso), você arrasa. Avisa pras pessoas que elas todas arrasam. Senhores espectadores, divirtam-se com consciência.

2 comentários:

  1. Muito boa a entrevista Chemil!

    Já quero uma nova temporada, para estarmos juntos de novo!

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  2. Vamos torecer muito mesmo para termos longas e muitas temporadas!

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